Prepara-me vida! Prepara-me para perder! Pois todos, sem exceção Estão dispostos a vencer Eleva-me vida! Eleva-me para o profundo! Exalta-me para o mais alto lugar O lugar do chão imundo Arrasta-me vida! Arrasta-me pelas sarjetas! Lembra-me, não me deixe esquecer que sou pó Não tenha dó de meu íntimo mudo Me faça estar completamente desnudo Ensina-me vida! Ensina-me a aprender! Ter um coração puramente humilde Sinceramente moldado através do sofrer

Gotas, filetes, quicam, rolam. Levam consigo a luz, o reflexo do brilho da cidade. Vaidade dos respingos, nos cabelos, roupas. Destroem os planos, projetos de uma noite de glamour. Os espelhos pisoteados formam ondas, são imagens distorcidas de pedestres imparáveis em direções opostas. Mas as mãos que se enlaçam, entrelaçam destinos não formados, levam amor ao sopro da garoa em moléculas líquidas de lágrimas.

As marcas provocadas pelo tempo Cimento endurecido forma a pele Do indivíduo sofrido Calado diante da vida passada O apego ao que sempre foi repetido Refletido ao espelho ocular Rotina perpétua sugere o mesmo de sempre Sente todas as escolhas formadas Dorme o consciente ausente Diante do quadro real dormente Da repetição…

O mundo que me circunda Inunda o cerne da minha mente Semente do que imunda Meus olhos e tudo que sente Guerras infinitas inflamam As glândulas dos meus sentimentos Lamentos pela falta de sabedoria Dos seres humanos dotados deste dom Bom seria que agissem em favor do planeta Sarjeta a…

Aridez absorve o ser Dissolve a razão em miúdos Muda direções rumo ao nada Camada superficial da existência Clemência exclama a profundidade Ardência dos olhos secos de lástimas Flácidas correntes que enlaçam Amassam a musculatura da tortura Loucura atormenta a tormenta interna Lanterna da obscuridade oculta Luta imensa, inextinguível A busca pela sede…

Sob os poros das flores As dores de eclodir da terra Das profundidades extremas Das sementes cravadas no ventre Exala perfume líquido das glândulas A flor jovem e silvestre Mestre em ocultar sua essência Demência pensar estar em seu olfato O fato do brilho do seu orvalho Surgir na extremidade de um galho Traduz a semente da natureza Beleza sem palavras Todo esforço a surgir A rainha da família a sorrir

Um estudo contemporâneo da produção poética de Ferreira Gullar — Concretismo X Neoconcretismo Não há como falar da obra de Ferreira Gullar sem explanar sobre concretismo e neoconcretismo, pois, para entender as nuances poéticas do autor entre essas vertentes, é necessário um mergulho teórico através desses movimentos artísticos. O concretismo, surgido na década de 1950, tinha como objetivo abandonar os versos e a…

Poesia das entranhas Das veias, sua fonte Onde surge o nascer do sol Habita a poesia Escritor é instrumento Letras movem o talento Rumo aos corações Comovem as Canções A Poesia… Maresia das paisagens Coragem dos navegantes Dos mares e marés Da Criatividade Verdade consagrada Criada a suor e alma Solidão, sua companheira Seja em sol ou chuvarada Poesia, coração presente Hoje e sempre é seu dia Nas esquinas, olhares Bares ou horizontes

Troca de piscadelas Delas, das íris Das pálpebras móveis Solúveis as lubrificações O reflexo das faces mútuas Espelhadas em cada indivíduo Ambos de sexos opostos Dispostos a tudo pela imagem Miragem de tudo sentido De todo sentido Coragem de tomar decisões Reuniões de muitos estímulos Visões de eternos contatos No globo ocular, os respingos